Toresco

Ponta de lápis partida!

quarta-feira, julho 28, 2004

Johann Sebastian Bach tinha uma ideia essencialmente religiosa da música; sentia que era o mais poderoso meio de glorificar a Deus. Alguns chamam à grande Obra de Bach "O Evangelho musicado". A exemplo disso "A Paixão Segundo S.Mateus", uma das maiores obras corais de todos os tempos, bem como um extenso reportório em obras, muitas delas criadas durante os 27 anos que passou no cargo de Mestre-de-Capela das Igrejas Luteranas na cidade de Leipzig desde 1723. Abundante foi também a sua família com 21 filhos.
Talvez Bach nos encorage a trazer a espiritualidade para a música cristã moderna, tão despida de conceitos teológicos sérios e verdadeiros.
Ao estudar a "musicalidade" dos Salmos, não só de Davi, dá para entender que as palavras receberam a ajuda de Deus também. Talvez porque Deus seria mais real para eles que para nós? Ou talvez o segredo estivesse na motivação e na exclusividade da música. Ela era somente para Deus!
O suporte técnico foi o pergaminho, difícil de reprodução, mas todos os cantavam, no Templo ou fora do Templo, em casa ou no caminho; de fácil transmissão. Hoje, é fácil a reprodução e difícil a transmissão. Daquilo que ouvimos, fica-nos muito pouco do que engrandece.
Ainda bem que estou livre para caseiramente musicar os salmos; só para mim. Fico livre do perigo de vender o copyright de Deus!

sexta-feira, julho 23, 2004

O voz do deserto comenta o "atraso nacional". A culpa parece política. Mas a culpa do "atraso nacional", em tese de opinião, é essencialmente religiosa! Foi a Igreja Católica Romana que negou a Bíblia ao povo português. Já que este papado se assume como o papado reconciliador, exibidor de perdões públicos, assuma também o "atraso nacional" causado pelos anos de impedimento da Bíblia como livro de mesa de cabeceira. E as Bíblias queimadas na presença dos alunos de escolas governadas pelo clero? As Bíblias que os protestantes ofereciam ao povo! Muitos desses alunos são os que hoje nos governam ainda, politica e emocionalmente, e que em lugar da Bíblia metem a gravata nacionalista, a santinha lá da terra, agradecem à Virgem a "vitória" nas eleições, etc.
O que é mais estranho é que volvidos tantos anos, o Estado continua a favorecer através de acordos e concordatas a entidade responsável pelo "atraso nacional". Não admira que a Justiça vá mal!

quarta-feira, julho 21, 2004

Desculpem a minha perversidade, mas quando quero diversificar a leitura leio a História dos Papas. Há episódios chocantes que não deixam de ser hilariantes...
O papado não recorda com saudade os tempos de Filipe IV, o Belo, rei de França (1268-1314). O rei, pouco amigo do clero, ordena que "todos os padres de França deverão pagar um imposto ao Estado". O papa Bonifácio VIII, potencialmente irritado responde, por sua vez, ordenando que "seja recusada qualquer contribuição ao Tesouro de Filipe IV". A crise estava definitivamente instalada! Filipe IV retorquiu proibindo toda a exportação de ouro e prata do reino sem sua autorização. O papa, puxando dos seus "galões espirituais", promove uma bula onde diz que "todos devem obediência total ao Pontífice". Perante a ameaça de ex-comunhão, Filipe IV dá a Nogaret, um jovem conselheiro do rei, autoridade para resolver o conflito. Este, à frente de uma pequena tropa, atravessa fronteiras dirigindo-se ao palácio pontifício de Agnani. Uma vez ali, envia um ultimato ao papa ordenando a sua entrega imediatamente ou a força será usada. Perante a recusa de Bonifácio VIII de levantar-se da cadeira papal, Nogaret penetra no palácio com a sua escolta, atravessa os corredores, chega ao salão pontifício e agarrando a barba de Bonifácio, arranca-o da cadeira e leva-o puxado como prisioneiro. O papa já idoso, morre alguns dias depois com 86 anos, tendo antes ex-comungado Filipe IV. Com este papa morreu também a doutrina da submissão do mundo inteiro ao papado.     
Ano sabático! Há minha conta já contava 3. Se a moda pega...
Não são 2 nem 3 missionários que me informam que vão gozar um ano sabático. Teria interesse que alguém me explicasse de forma credivel como isso é possível, a mim um obreiro nacional que precisa de uma paragem para descanso. Ainda há quem acene o rebuçado que a maioria nunca poderá chupar. Sorte para eles! 

sábado, julho 17, 2004

Perguntam-me: "O que é uma fé oblíqua?"
Terei de voltar aos meus tempos de infância. Se havia dias que me aborreciam eram os dias de chuva. Aqueles dias em que a chuva entra em tudo que é coisa. Não há chapeu que resista. A chuva não vem de cima, não é absolutamente vertical; ela vem de lado, é oblíquia. Esta é a chuva que mais molha.
Tenho apreciado o meu convívio com pessoas que praticam uma fé oblíqua. Quem são elas? São as pessoas que vivem o Evangelho de Jesus Cristo como algo que se descobre cada dia, ao contrário dos que falam de uma fé vertical, uma fé já vivida. Falam dos seus feitos, dos seus tempos, das suas dificuldades de outrora. Aqueles que ouvem pensam que essa fé está fora de prazo.
A fé oblíqua tem o efeito da chuva! Penetra a influência, ensina a verdade sem dizer que somos detentores dela, faz-nos sentir os seus efeitos. Ficamos molhados da sua realidade. É a fé que leva ao amor! Que pratica mais as obras e menos as festas! É a fé que diz aos outros que sou santo mas consigo tomar um "copo" contigo. É a fé que guarda um coração puro no meio de pecadores malcriados, que rejeita as palavras mas consegue conviver com as ideias, e até concordar com a sabedoria dos outros, ainda que humana. Essa é a fé que recomenda o apóstolo Paulo - "...Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma" (1Coríntios 6.12).
A fé oblíqua é também aquela que diz: "Hoje almocei com Jesus". Transforma o Jesus histórico no Jesus presente! É a fé que diz o que um dia Billy Graham disse a um estudante agnóstico que afirmava que Deus não existia - "Ainda há cinco minutos atrás estive a falar com Ele". O cristão de fé oblíqua não fala da sua igreja, fala antes da sua experiência com o Salvador. Não empurra os familiares para a sua Igreja, faz com que eles sintam o valor da eternidade. Se o cristão de fé oblíqua não alcançar sucesso, a mesma chuva deixará de molhar.     
O que é mais curioso, é que encontro este tipo de fé oblíqua no meu Salvador. Doutra forma, Ele teria concordado com os fariseus e os escribas quando lhe apontaram as "fugas à lei mosaica". Estes sim, praticantes de um fé vertical, que dividia como um raio - "...fechais aos homens o reino dos céus; e nem vós entrais nem deixais entrar aos que estão entrando" (Mateus 23.13).
Para aqueles que lêem, não confundamos uma fé vertical com relacionamento vertical; neste último eu acredito. Um dia vou meditar nele!        

sexta-feira, julho 16, 2004

Falava ao telefone com uma senhora que se orgulhava da boa vida que tem, conseguida com muito esforço e trabalho. Orgulha-se também de nunca ter encorajado as suas filhas a frequentarem uma igreja evangélica porque, segundo ela, "devem escolher quando tiverem idade para isso". Pelo meio, descobri que a sua sogra é evangélica baptista há mais de 30 anos e os seus 4 filhos passaram pela igreja mas nenhum deles permaneceu. O tom com que fala da sogra não é dos mais suaves. Moral da história: era bom que a nossa fé se tornasse por vezes um pouco mais oblíqua e menos vertical. A verticalidade da fé actua como um raio; quando entra na vertical divide e destrói. Se o nosso amor actuar mais e o nosso zelo menos, aqueles que se conectam com Deus não terão desejo de se desligar.     

quinta-feira, julho 15, 2004

Hoje cancelei uma inscrição. Do outro lado da linha alguém ficou feliz. Perguntei a mim mesmo: "serei assim tão indesejado?" Depois percebi! Embora sendo Baptista, sou dos salpicados! Ainda me considero feliz por não ter sido mergulhado no balde de uma só cor! Enigmático? Pois claro. Convém, por vezes!

segunda-feira, julho 12, 2004

Quanto mais impessoal Deus for para nós, maior é a dependência dos nossos líderes espirituais. O episódio do bezerro de ouro que os israelitas moldaram no deserto é disso prova. A demora de Moisés no monte enervou os israelitas de tal maneira que a certa altura já lhe tinham passado uma certidão de óbito. A confiança no líder era maior que a confiança em Deus! Foi preciso muitos anos para que Deus se tornasse um Deus pessoal para a nação.
O vazio interior do homem é real! Ele precisa ser preenchido. Para muitos, serve um bezerro moldado com os pingentes do nosso ouro. Para outros, é preferível esperar pacientemente pela resposta de Deus. Ela virá de alguma forma para aqueles que sabem esperar. O vazio será preenchido e a esperança inundará todos os espaços da alma.
É esta impessoalidade de Deus a responsável pelo olhar doentio das ninharias da vida e das arestas brutas dos nossos relacionamentos espirituais. Detemo-nos em usar os nossos adornos para fundir uma imagem representativa das nossas inseguranças e das nossas reais preocupações. É essa impessoalidade que nos faz muitas vezes resistentes às mudanças; elas representam os nossos "bezerros de ouro", moldados pela insuficiência das nossas crenças no Verdadeiro Líder.
Provera Deus que os discípulos de Cristo aprendam a viver da Videira e da poda do Pai Agricultor, e menos dos pregadores de púlpito ou das orientações de conselheiros espirituais. Os recursos para o crescimento espiritual foram dados para os que desejam manusear a Verdade como instrumento de trabalho. Nunca ficaremos confusos quando a buscarmos baseados na crença e na esperança do Deus que é Pai! As comunidades espirituais verão os "bezerros de ouro" a desaparecer do seu seio.

sábado, julho 10, 2004

Nas últimas horas, compreendi que na política há embates que se perdem longe do campo de batalha. E isso fere o orgulho político de muitos.
Há políticos infantis! Tal como as crianças, criam cenários imaginários e "choram" copiosamente quando os acontecimentos se desenrolam contrariamente às suas vontades.
Quanto ao PS, já nos habituou, ultimamente, que os seus secretários-gerais desistam nos momentos críticos da vida nacional ou quando o país e a política mais deles precisa. Espero que este novo ciclo não tenha continuidade.
A senhora do PS, ao acusar o PR com a "qualidade" com que o fez, revelou a real senhora que é. Ela era uma das que imaginava uma pasta no futuro governo e queria que o PR lhe desse uma ajudinha.
A imagem que me fica é esta: imagino um jogo de futebol de miúdos; no final, os que perderam choram e lamentam-se dizendo: "bolas, jogámos melhor que eles e até merecíamos ganhar pelo que jogámos". Assim vai a análise do PS: "acábamos de ganhar as europeias e por isso merecíamos que o PR nos desse o gosto de ir às legislativas antes de acabar o final do jogo." Desta vez é que o PS se pode queixar do árbito (PR)!

quarta-feira, julho 07, 2004

É nos momentos de crise que os egoístas se manifestam mais! Também os interesseiros! Todos falam do "melhor para a Nação". Sim, porque para eles, servir a Nação é servir a si mesmos. Esta é a oportunidade política para muitos que jamais a querem deixar perder. Já não via tanta fome pelo poder há muito tempo! É fácil perceber os interesses pessoais e os olhos esbugalhados dos políticos, cuja oportunidade para alguns é moeda que reluz.
A febre do Euro tranferiu-se para a política; só que neste caso são poucos os que ganham e muitos os que perdem. Se tivessemos obtido a vitória final no Euro ganharia a Nação toda; se vierem a ganhar esses poucos ambiciosos, perde a Nação toda.
Há muitos que lutam por uma causa que não lhes serve. Deviam gastar as energias noutras coisas. Ilustro isso com a história que ouvi desde pequeno. Dois homens amigos vagueavam pelo deserto. Tinham percorrido mundo em busca de riqueza. Esfomeados e sedentos viram reluzir ao longe algo que lhes parecia ouro. Correram! Quem primeiro chegasse ficava com o achado. Exaustos chegaram, e em luta procuraram possuir o achado. Depois de agressões para a posse do bem, o achado era um pente de metal que ao sol reluzia. Para desgraça, ambos eram carecas.

segunda-feira, julho 05, 2004

Para quem se interessa pelo Judaísmo, os CTT têm à venda o livro "A Herança Judaica em Portugal", de Maria José Ferro Tavares, pelo preço de 23,00 euros. Uma obra classificativa que fornece uma visão interessante sobre a influência judaica no país.

sábado, julho 03, 2004

Muita coisa tem mudado na Europa. Não será a Igreja Católica Romana a que se sente mais prejudicada? A não inclusão de referências cristãs na Carta Europeia é um atentado à "mentalidade cristã" do catolicismo. Finalmente, a ICR sente-se castigada. Foi ousadia a mais!
A aproximação pretendida entre católicos e ortodoxos, é uma tentativa de pressão sobre aquilo que já está perdido. É que a Carta Europeia não será revista em breve. E se isso causa incómodo à ICR, é porque algo ameaçador aconteceu, provavelmente, não ao Cristianismo mas à herança do catolicismo.
Na minha fraca perspectiva, que me importa se a Europa fica com nome de família ou não? Para aqueles que desejam pregar o Evangelho de Cristo, fá-lo-ão com ou sem referências, com ou sem perseguição, com ou sem benefícios. Para aquele que prega o Evangelho de Cristo há um preço que deve ser pago e nunca negociado!