Perguntam-me:
"O que é uma fé oblíqua?"
Terei de voltar aos meus tempos de infância. Se havia dias que me aborreciam eram os dias de chuva. Aqueles dias em que a chuva entra em tudo que é coisa. Não há chapeu que resista. A chuva não vem de cima, não é absolutamente vertical; ela vem de lado, é oblíquia. Esta é a chuva que mais molha.
Tenho apreciado o meu convívio com pessoas que praticam uma fé oblíqua. Quem são elas?
São as pessoas que vivem o Evangelho de Jesus Cristo como algo que se descobre cada dia, ao contrário dos que falam de uma fé vertical, uma fé já vivida. Falam dos seus feitos, dos seus tempos, das suas dificuldades de outrora. Aqueles que ouvem pensam que essa fé está fora de prazo.
A fé oblíqua tem o efeito da chuva! Penetra a influência, ensina a verdade sem dizer que somos detentores dela, faz-nos sentir os seus efeitos. Ficamos molhados da sua realidade.
É a fé que leva ao amor! Que pratica mais as obras e menos as festas! É a fé que diz aos outros que sou santo mas consigo tomar um "copo" contigo. É a fé que guarda um coração puro no meio de pecadores malcriados, que rejeita as palavras mas consegue conviver com as ideias, e até concordar com a sabedoria dos outros, ainda que humana. Essa é a fé que recomenda o apóstolo Paulo -
"...Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma" (1Coríntios 6.12).
A fé oblíqua é também aquela que diz: "Hoje almocei com Jesus". Transforma o Jesus histórico no Jesus presente! É a fé que diz o que um dia Billy Graham disse a um estudante agnóstico que afirmava que Deus não existia -
"Ainda há cinco minutos atrás estive a falar com Ele". O cristão de fé oblíqua não fala da sua igreja, fala antes da sua experiência com o Salvador. Não empurra os familiares para a sua Igreja, faz com que eles sintam o valor da eternidade. Se o cristão de fé oblíqua não alcançar sucesso, a mesma chuva deixará de molhar.
O que é mais curioso, é que
encontro este tipo de fé oblíqua no meu Salvador. Doutra forma, Ele teria concordado com os fariseus e os escribas quando lhe apontaram as "fugas à lei mosaica". Estes sim, praticantes de um fé vertical, que dividia como um raio
- "...fechais aos homens o reino dos céus; e nem vós entrais nem deixais entrar aos que estão entrando" (Mateus 23.13).
Para aqueles que lêem, não confundamos uma fé vertical com relacionamento vertical; neste último eu acredito. Um dia vou meditar nele!