Quando entrava no carro, possuído por um vício teológico, o meu pensamento rapidamente encontrou paralelo com o episódio de Eliseu amaldiçoando as 42 crianças que dele zombavam (2Reis 2.23-25). Durante anos carreguei dúvida quanto à atitude do profeta, que o tempo e o estudo ajudou a esclarecer.
Eliseu sucedeu a Elias, o profeta que subiu para o céu num carro de fogo (2Reis 2.9-14). Os adeptos do culto ao falso deus Baal jamais podiam perdoar a Elias a matança dos seus 400 profetas. Respiraram de alívio quando souberam que Elias havia desaparecido! Mas a notícia correu rápido depois que constataram que
"o espírito de Elias havia repousado em Eliseu", seu sucessor. A caminho de Betel, Eliseu é perseguido por um grupo de rapazinhos, eminentes candidatos a profetas ao deus Baal ou filhos dos profetas mortos, de quem zombavam dizendo:
"Sobe, calvo! Sobe, calvo!" O facto de gozarem da calvície de Eliseu, tal qual o meu aspecto de velho, seria razão para que Eliseu os amaldiçoasse? Certamente que não! Porque os amaldiçoou Eliseu? As palavras dos rapazinhos eram uma imprecação ao deus Baal pedindo que Eliseu desaparecesse desta terra tal como havia acontecido a Elias. As palavras significam
"Desaparece! Vai-te embora para sempre!" Esta era na verdade uma maldição contra Deus! Porque sendo o profeta um representante de Deus na Terra, pedir o desaparecimento do profeta significava o completo desprezo do Deus Jeová. Eliseu entregou a Deus o acto de justiça para aqueles rapazinhos e Deus resolveu fazê-los desaparecer deste mundo. O que era pedido para o profeta encontrou acção nas vidas daqueles 42 rapazinhos.
No meu caso não havia razão para tanto! Pelo contrário, outra coisa não podemos fazer hoje, em relação às criancinhas, que apelar para a justiça de Jesus Cristo que já pagou o preço pelos pecados delas. As criancinhas precisam ouvir as boas notícias da salvação de Jesus Cristo bem cedo em suas vidas para que venham a ter uma vida com sentido e sejam ganhas para o reino dos céus, ao qual condicionalmente pertencem.